29/01/2007

O Síndrome das Mamas.

Porquê, oh porquê?!

Eis algo que me vem atormentando há bastante tempo, algo que nunca consegui compreender na totalidade e que, dada a natureza do problema, não me é permitido perguntar.

Porque é que uma rapariga com um bom par de mamas vê em outras que não conhece, e que têm bons atributos, uma adversária... uma rival mortal?

Isto é verídico. Uma rapariga cujas glândulas mamárias sejam mais preponderantes que o normal e tenha uma visão eminentemente narcisista de si própria tem uma tendência natural para a marcação de território. Não mija pelos cantos, não, mas assim que um indivíduo do sexo masculino, relacionado de alguma forma com a dita mamalhuda, faz um comentário acerca das formas de qualquer outra, esta imediatamente a ataca, seja insinuando-lhe defeitos de pormenor, seja questionando a sua moral ou até, nos casos mais extremos, comparando directamente os seus atributos aos da visada.

É curiosíssimo verificar que tal não acontece em relação à beleza facial, quiçá pela subjectividade de tal característica, tal como não acontece em relação ao rabo pois esse normalmente é classificado conforme a circunstância da discussão (a flexibilidade nos critérios de qualidade aqui é imensa) nem muito menos acontece em relação à altura, visto que, como toda a gente sabe, os dotes peitorais são, normalmente, proporcionais à medida vertical da mulher em questão.

O que me trás a uma excelente questão. Uma mulher alta com um gostoso par de mamas, que faz virar mais cabeças do que a mamalhuda comum (mamalhudis normalis), dá origem a uma raiva sobrenatural e a um mal-estar profundo nesta, que, rapidamente, ou manda uma boca qualquer para desmistificar os atributos da outra, ou usa um argumento falacioso para se colocar num pedestal.

Se estes fenómenos ocorrerem enquanto outras mulheres estão presentes, é mais fácil para a mamalhudis normalis especialmente se houver no seio do grupo, uma outra, com a qual poderá criar uma relação de cumplicidade, a chamada tetócumplicidade, que só serve quando precisamente se está a atacar outrém. Se não houver outro par de mamas do seu nível na redondeza das relações de amizade, ao marcar território aproveita para se demarcar das demais por força do pouco tecido adiposo que estas possam ter sobre o músculo peitoral.

Há que referir, com justiça, que nem toda a mamalhuda é assim. Normalmente estas têm sérios problemas de auto-estima, problemas que tentam resolver pondo vários homens a julgá-las por putas.

Reparem pois, no comportamento da consciência por detrás do próximo par de voluptuosas mamas com que se depararem, sob um olhar mais analítico, e observem este fenómeno qual David Attenborough no meio da selva. Pode ser que um dia haja um BBC Vida Selvagem sobre o assunto.

06/01/2007

Egocentrismo.

"do Lat. ego, eu + cêntro


s. m.,
tendência pessoal exagerada em considerar tudo sob o próprio ponto de vista e em fazer de si próprio o centro do universo;



subjectivismo. "

O ser humano está paranóico. O ser humano é egocêntrico a ponto de não ver para lá de si, a ponto de ser como um cão atrás da própria cauda. Vivemos hoje num tempo em que as pessoas têm medo da natureza, em que o natural passaram a ser muros de betão e chão de cimento e esse passou a ser verdadeiramente o nosso meio. Vivemos num tempo em que cada vez mais se mama forte no Xanax e no Prozac, em que cada vez mais alheamos a nossa atenção da nossa verdadeira essência e nos focamos apenas no que acontece entre os muros de betão e o chão de cimento.

Como descrito na definição de paranóia, a superioridade que o homem pensa que tem em relação ao meio fá-lo ser arrogante. A raça mais inteligente, diz-se, não consegue compreender que é tão somente uma variável do sistema. Animais irracionais conseguem compreender o equilíbrio natural, e agem com o intuito de o preservar. Onde é que nós perdemos essa noção básica?

Não estou a dizer, contudo, que temos de voltar à Idade Média, para levar com a peste e com a tísica, mas também discordo em absoluto das mãezinhas que criam flores de estufa que, passado uns anos espirram quando apanham um grão de pó. É um pouco como ir acampar... faz impressão dormir no chão rodeado de bichos? Bem, é assim que todos os outros animais vivem. O que somos nós a mais do que eles? Mais inteligentes? Não creio. Ao protegermo-nos cada vez mais estamos a alimentar o nosso ego e a nossa ilusão de superioridade.

Somos mais egoístas, talvez. As funções superiores do cérebro permitiram-nos conceptualizar que nós somos aquilo que fazemos e fazemos aquilo que somos. Errado. Nós somos o que somos, e que já éramos à milhares de anos. A evolução não nos mudou, mudou apenas as nossas perspectivas. Tão vida como um gafanhoto, tão vida como uma árvore. Só que não o percebemos. Vivemos na ilusão de que, destruindo o equilíbrio, estamos a provar a nossa superioridade quando, na verdade, só estamos a provar a nossa deficiência como variáveis do sistema.

E entretanto, vamos bebendo água purificada por uma máquina, indo ao médico por uma constipação, lavando as mãos depois de tocar uns nos outros, tudo em nome de uma civilização e de um progresso que, apesar de factual e brilhante do ponto de vista do conhecimento, falha na aplicação da mais básica das premissas, a de que somos somente pequenas insignificâncias, face à complexidade do que nos rodeia, do que devíamos verdadeiramente admirar.